Borba, Porto, Amadora, Leiria, Vila Nova de Gaia, Faro, Loulé e São Brás de Alportel
Comunidades compassivas são comunidades que reconhecem que:
Embora o serviço público se esforce para manter e fortalecer serviços de qualidade para os mais frágeis e vulneráveis, nem todas as pessoas têm acesso a eles.
Situações graves de doença, morte e perda podem acontecer a qualquer momento, durante o curso normal das nossas vidas.
Uma comunidade compassiva reconhece e aborda diretamente esta realidade social.
Prof. Allan Kellehear, o primeiro a introduzir o termo, definiu uma comunidade compassiva como aquela que reconhece os ciclos naturais de doença e saúde, nascimento e morte, amor e perda que ocorrem todos os dias no quotidiano de uma Comunidade (Aoun et al,2016). Esta abordagem é baseada em três fatores: consciencialização social, capacitação e implementação de redes de cuidar.
As Comunidades Compassivas promovem a ideia de que a saúde é responsabilidade de todos, não só dos serviços de saúde, sendo uma ferramenta fundamental para trazer alguns dos conceitos de cuidado para o ambiente comunitário. A construção de redes de apoio e de suporte pode, portanto, acontecer em todo o espectro da Comunidade, incluindo locais de trabalho, instituições educacionais, igrejas e templos, bairros, centros comunitários e em organizações de saúde e assistência social.
A Compaixão é um sentimento de empatia e preocupação pelo sofrimento de outras pessoas. Envolve a disposição de ajudar e aliviar o sofrimento de alguém, bem como o reconhecimento de que o sofrimento é uma experiência humana comum que pode ser partilhada e aliviada.
O nosso projeto visa reunir, compilar e divulgar de forma clara e eficaz a essência estudos científicos significativos que exploram os benefícios do cultivo da Compaixão. Através dos meios de divulgação do nosso projeto, incluindo o site e as redes sociais, destacaremos as características e resultados essenciais evidenciados por esses estudos.
Com o intuito de oferecer uma visão concisa e assertiva, procuramos não só promover a compreensão sobre os impactos positivos da compaixão, mas também inspirar ações que fomentem a sua prática diária.
Estamos entusiasmados por partilhar informações valiosas que realçam o poder transformador da compaixão na nossa jornada pessoal e coletiva.
O primeiro artigo que iremos comentar e partilhar, tem o título “Explorar a Compaixão: Uma Visão Multicultural”.
Referencia: Matos, M., Gilbert, P., Gonçalves, E., Melo, I., Baumann, T., Xin Qi Yiu, R., & R. Steindl, S. (2021). O que é Compaixão? Um estudo multicultural sobre as associações semânticas e experiências subjetivas de compaixão. Psychologica, 64(2), 11-50. https://doi.org/10.14195/1647-8606_64-2_1
A compaixão, uma qualidade frequentemente elogiada, tem sido objeto de estudo em diversos contextos, revelando inúmeros benefícios para o bem-estar mental, físico e psicossocial. No entanto, o seu significado varia consideravelmente, levando a confusões e obstáculos na sua compreensão e prática.
O artigo em destaque adota uma abordagem singular, fundamentada na Terapia Focada na Compaixão (TFC), para definir e distinguir a compaixão de outros conceitos relacionados. Através de uma investigação qualitativa meticulosa, os investigadores exploraram a perceção da compaixão em indivíduos de diferentes culturas.
A investigação, que incluiu 584 participantes adultos de três países distintos – Austrália, Portugal e Singapura – revelou associações significativas entre compaixão e palavras como “empatia”, “bondade” e “compreensão”. Por sua vez, a autocompaixão foi frequentemente associada a termos como “aceitação”, “força” e novamente “compreensão”.
Os resultados não só destacaram semelhanças e diferenças culturais na perceção da compaixão, mas também elucidaram as experiências dos participantes ao dar e receber compaixão. Surpreendentemente, uma proporção considerável de pessoas não conseguiu recordar ou descrever experiências de compaixão, apontando para uma possível lacuna na compreensão deste conceito vital.
Ao contextualizar estes resultados sob a perspetiva da TFC, o artigo delineia implicações clínicas valiosas para terapeutas, realçando a importância da compreensão multifacetada da compaixão em contextos terapêuticos.
Esta investigação, ao analisar a compaixão em várias culturas, não só enriquece a nossa compreensão deste fenómeno humano universal, mas também destaca a urgência em aprofundar e expandir o nosso entendimento coletivo sobre a compaixão e a sua aplicação prática em diferentes contextos culturais.
No seio da comunidade “Viver Compaixão”, este estudo fomenta reflexões cruciais sobre como entendemos e praticamos a compaixão na nossa jornada pessoal e nas interações diárias. É um convite para explorar e celebrar a riqueza e a diversidade de perceções sobre este nobre sentimento que une a humanidade.
Para ler o estudo completo, pode aceder através do DOI fornecido no resumo.
Juntos, continuemos a explorar e nutrir a compaixão nas nossas vidas, promovendo um mundo mais empático e solidário para todos.
O segundo artigo que iremos comentar e partilhar, tem o título QUAL O PAPEL DA COMPAIXÃO NA POLÍTICA?
Vicente, J. J. N. B. (2022). QUAL O PAPEL DA COMPAIXÃO NA POLÍTICA?. Revista Caminhos – Revista De Ciências Da Religião, 20(1), 174–189. https://doi.org/10.18224/cam.v20i1.12327
O texto oferece uma profunda reflexão sobre o conceito multifacetado de compaixão e a sua relação com a política. Ele aborda detalhadamente a etimologia da palavra “compaixão” e a sua essência como um sentimento humano significativo, capaz de transcender a simples definição de “sofrer com”.
Destaca-se a complexidade da compaixão, a sua interpretação variada e a sua subjetividade, evidenciando que, embora reconhecida como um valor positivo, ainda é mal compreendida por muitos. Essa lacuna na compreensão é evidenciada pela dificuldade em definir precisamente o seu significado e em integrá-la de forma relevante na vida quotidiana e na esfera social.
O autor argumenta de forma convincente sobre a importância de cultivar a compaixão no contexto político, ressaltando a discrepância entre a sua aceitação como virtude pessoal e a sua subutilização ou até rejeição no cenário político. Apresenta uma perspetiva crítica, ao explorar as visões contrastantes de Rousseau e Arendt, que oscilam entre considerar a compaixão como benéfica ou prejudicial na esfera política.
A discussão levantada, embora abordada com profundidade e embalsamento teórico, carece de uma abordagem mais equilibrada e inclusiva. Seria valioso considerar também perspetivas contrárias para enriquecer o debate, oferecendo um panorama mais amplo sobre a relação entre compaixão e política.
No entanto, o texto oferece uma análise intrigante sobre a necessidade de redefinir e integrar a compaixão no cenário político atual. Destaca-se a conclusão, que enfatiza a importância de não ignorar a compaixão como um recurso valioso para promover uma sociedade mais justa e compassiva.
Neste texto provocador e esclarecedor, exploramos o papel crucial da compaixão na esfera política. Originária do latim “cumpassionis”, que significa “estar junto ao outro, ao lado do outro”, a compaixão é mais do que uma palavra; é um sentimento humano profundo, capaz de forjar laços e reduzir o sofrimento.
Apesar de universalmente reconhecida como um valor positivo, a compreensão e integração da compaixão na sociedade parecem desafiantes. O texto destaca essa lacuna, revelando que, embora muitos concordem com a sua importância, poucos a consideram relevante na esfera política.
A reflexão sobre as ideias de Rousseau e Arendt acrescenta “nuances” ao debate, ilustrando visões contrastantes sobre a viabilidade da compaixão na política. Apesar das divergências, a discussão ressalta a necessidade de repensar a compaixão como um recurso essencial para construir uma sociedade mais justa e empática.
É importante ressaltar que, embora o texto ofereça uma visão perspicaz, uma análise mais abrangente, considerando diferentes pontos de vista, seria enriquecedora para um debate mais equilibrado.
No entanto, a discussão final instiga a reflexão sobre a relevância da compaixão na política contemporânea. O nosso desafio é não apenas compreender, mas também integrar ativamente a compaixão nas nossas práticas políticas, visando uma sociedade mais inclusiva e solidária.
O segundo artigo que iremos comentar e partilhar, tem o título Resposta coletiva compassiva: Impacto de estrutura e missão organizacional.
Araújo, Maria & Marujo, Helena & Lopes, Miguel. (2016). Resposta Coletiva Compassiva: Impacto de Estrutura e Missão Organizacional. Análise Psicológica. 34. 10.14417/ap.939.
O texto oferece uma abordagem profunda e abrangente sobre a compaixão nas organizações, destacando a sua relevância no contexto organizacional, a sua definição e os processos envolvidos na sua manifestação coletiva. Explora também as implicações das práticas organizacionais e das estruturas na promoção da compaixão. Contudo, o texto carece de uma estrutura mais clara e concisa para uma leitura mais acessível. Existe uma extensa análise teórica e conceptual, mas a redação densa pode dificultar a compreensão do público em geral. Além disso, a organização sequencial das ideias pode ser melhorada para facilitar a compreensão dos pontos-chave sobre a compaixão nas organizações.
A compaixão no contexto organizacional é o tema central deste estudo, que procura compreender as suas implicações e potencialidades no ambiente empresarial. Partindo do movimento teórico dos Estudos Organizacionais Positivos (EOP), analisamos como as práticas e a estrutura das organizações podem influenciar e moldar respostas coletivas compassivas.
Definindo a compaixão como uma ação empática para aliviar o sofrimento do outro, o artigo destaca a sua importância, especialmente em situações de dificuldade vivenciadas dentro das instituições. Situações como doença, perda, mudanças organizacionais e outros eventos impactantes demandam uma resposta compreensiva e compassiva por parte das organizações.
No entanto, apesar da relevância atribuída, o texto aponta para um cenário em que o sofrimento muitas vezes é negligenciado no contexto organizacional. A necessidade de desenvolver competências de compaixão é ressaltada como fundamental para minimizar o impacto dessas situações nos colaboradores, visando ao bem-estar coletivo.
O modelo tripartido da compaixão organizacional é apresentado, destacando três sub processos: perceber o sofrimento do outro, expressar sentimentos empáticos e agir para minimizar o sofrimento. As práticas organizacionais são apontadas como facilitadoras desse processo, porém, a sua influência varia conforme a estrutura e cultura organizacional.
Este estudo enfatiza a importância de estruturas mais flexíveis e adaptáveis nas organizações, permitindo uma resposta mais compassiva diante do sofrimento. Destaca-se que a compaixão organizacional pode ser uma resposta emergente e não planeada, requerendo estruturas dinâmicas para a sua efetiva manifestação.
Conclui-se ressaltando a necessidade de estudos mais aprofundados para compreender as condições que favorecem a compaixão nas organizações. O texto propõe a análise da relação entre práticas contextuais e estrutura organizacional, buscando integrar tais práticas para promover uma resposta compassiva e melhorar o bem-estar dos colaboradores.
Em conclusão, este estudo oferece uma visão reflexiva sobre a compaixão nas organizações, apontando para a necessidade de estruturas flexíveis e práticas adequadas para uma resposta mais compreensiva e empática diante do sofrimento no ambiente de trabalho.